No Brasil, a utilização dos recursos físicos na assistência à saúde iniciou por volta de 1879, trazendo as características da “Área da Saúde” na época da Industrialização. Seus objetivos eram quase que exclusivamente, voltados para a assistência curativa e reabilitadora. Em 1929, “o médico Dr. Waldo Rolim de Moraes instalou o Serviço de Fisioterapia do instituto do Radium Arnarldo Vieira de Carvalho para dar assistência aos pacientes do Hospital Central da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo”. Posteriormente, organizou o Serviço de Fisioterapia do Hospital das Clínicas, iniciando-se em 1951, o primeiro curso [...] para a formação de técnicos em Fisioterapia, até 1956 [...]. “O primeiro curso de Fisioterapia iniciou, com duração de dois anos, para formar fisioterapeutas que atuassem em reabilitação” (Sanches, 1984).
No Brasil, essa nova maneira de atuar ou intervir nas condições de saúde do indivíduo ou da população foi, na sua origem, dirigida de tal maneira para a “reabilitação” que, em um determinado momento, a forma de atuação “Fisioterapia” parece ter sido entendida como sinônimo de tipo de assistência apenas “reabilitadora”. Tanto que, em 1959, alguns médicos brasileiros, por meio de entendimentos com órgãos internacionais (a Organização Panamericana de Saúde, a Organização Mundial de Saúde e a World Confederation for Physical Therapy), fundaram o Instituto Nacional de Reabilitação, no qual eram formados fisioterapeutas. Além desses, outros fatores parecem ter contribuído para fortalecer o exercício e a concepção da Fisioterapia, no País, como uma Atuação Reabilitadora. As próprias condições de saúde da população corroboravam essa forma de atuação. A incidência de poliomielite no Brasil, na década de 1950, atingia índices alarmentes e, como conseqüência, quantidade de indivíduos portadores de seqüelas motoras, e que necessitavam de uma “reabilitação para a sociedade”, era grande.
Da mesma forma, a quantidade de pessoas lesadas pelos chamados acidentes de trabalho apresentava-se como uma das maiores da América do Sul, o que permitia a inferência de que uma expressiva faixa populacional precisava ser “reabilitada para reintegrar-se ao sistema produtivo”. Nesse contexto, começaram a surgir as primeiras definições de Fisioterapia, menos como área de estudo e mais como ramo de trabalho. Essas definições foram, em sua maioria, criadas a partir de propostas definidoras de profissionais de outros países ou de outras áreas que consideravam a realidade brasileira da época a partir da comparação com a realidade de outros países. A ênfase dessas definições, portanto, apoiava-se na reabilitação. Ainda nesse contexto, começaram a ser delineadas leis que regulamentavam a atuação de fisioterapeutas no Brasil. A legislação brasileira relativa a esse assunto parece ter sido um fator que exerceu (e continua exercendo) uma influencia de significativa relevância na determinação e na manutenção da concepção que seja o trabalho da fisioterapia no pais. De um lado, por ter sido iniciada, levando em consideração a situação social de uma determinada época e não ter acompanhado, passo a passo, a evolução social no decorre do tempo; de outro lado, por ser um instrumento legal que estabelece e determina o tipo e forma de atuação de uma classe de profissionais, permitindo o estabelecimento de definições da profissão a partir de seu núcleo (objeto de intervenção) e limite de atuação e, decadentemente, influindo na própria concepção do trabalho profissional e das áreas de conhecimento a ele relacionadas.
2 comentários:
Muito obrigada pelas informações, edificou bastante a minha pesquisa.
Me ajudou bastante
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